quinta-feira, 12 de agosto de 2010

DAS SOMBRAS

Prólogo:

Ah, a carne...
O sangue!
A excitação e a adrenalina de matar!
A Faca. Sim, a faca.
Cabo negro como a noite, e lâmina vermelha de sangue ainda fresco.
O cabelo louro, os olhos azuis, abertos.
O pescoço... Também aberto.
Obra da faca.
Os lençóis vermelhos de sangue!
Era apenas uma mecha de cabelo o que eu queria.
Vesti-me rapidamente após pegar meu prêmio. Não me contive e levei ao nariz o mais adocicado perfume daquela mecha.
Peguei meu chapéu, e desci a escadinha do prédio.
Meu sobretudo esvoaçava, eu bem lembro.
Cheguei lá em baixo com um sorriso.
A Bola amarela estava lá. Com a menina, é claro. Estavam lá como sempre.
Sorri - afinal estava triunfante.
Mas eu queria mais. Não, não, perdão. Eu QUERO mais.
Só mais um, prometi a mim mesmo. A Faca parecia implorar! Parecia ter vida.
Virei a esquina observado pela menina.
E pela bola.
Quero mais.
Só mais um.
E me deixei engolir pela escuridão da noite.


PARTE I- SOBRE O NARRADOR.
Sim, um assassino.
Mas não um assassino qualquer.
Essa é a história do maior assassino da história.
Que redundância! Uma história sobre o maior assassino da história!
Sim, isso é fato.
Mas para chegarmos a essa história, teremos que conhecer dois jovens.
Eu estava lá.
Vi tudo.
_________ (espaço para o final. Você ainda vai entender)


Quando a cidade de Berlim foi coberta pelas sombras, Ele, como do nada, surgiu de uam esquina qualquer, de uma rua qualquer.
Como já disse, eu estava lá.
Eu vi.
Sim, usava um sobretudo cor de trevas, e um chapéu também dessa cor.
Mas não se engane!
Esse não era nosso personagem principal, o Assassino.
Não!
Esse era Richard Soldier. Havia acabado de sair do trabalho, e estava indo para outro. Sim, Richard tinha um emprego noturno. Acha que é fácil estar no meio da Segunda Guerra Mundial, e conseguir dinheiro? Claro que não.
Durante o dia, Richard atendia os clientes de uma pequena loja em uma rua qualquer de Berlim.
Durante as incansáveis noites, vendia seu corpo, em outra rua qualquer, bem distante daquela na qual vendia roupas. Não queria ser reconhecido.
Em geral, atendia em seu emprego noturno, apenas homens da alta sociedade. Pagavam bem, e tinham mesmo que pagar.
Os médicos, enfermeiros, e militares que trabalhavam em campos de concentração de judeus, podiam satisfazer seus prazeres com outros homens lá mesmo.
Os judeus eram judeus, mas ainda assim eram homens.
E excitavam outros homens.
Mas a alta sociedade, que não dispunha de homens judeus grátis, tinham de pagar.
E pagavam caro.
Era desse emprego que Richard sobrevivia.
Naquele 10 de Outubro de 1952, a guerra já devia ter acabado. Não havia.
Portanto, era mais uma interminável noite, como todas as outras. E Richard precisava trabalhar.
Pegou seu chapéu, e seu sobretudo, roupa extremamente comum na Alemanha em 1952, e foi para a rua qualquer que já citei.
Nesse dia houve um cliente.
Assim como Richard, Alex Antunes também dobrou uma esquina qualquer.
Richard viu seus olhos cinzentos e frios, bem como seu sobretudo esvoaçante se aproximarem.
- Quanto cobra? - indagou o freguês dos olhos cinzentos.
- Caro - respondeu Richard.
O Freguês sorriu.
Colocou um punhado de notas na mão de Richard, ainda sorrindo.
Ambos saíram com suas capas esvoaçando.
Richard subiu uma escadinha de um prédio, até chegar a seu apartamento.
Mas antes de subir, ambos viram a bola.

PARTE II - SOBRE A CAMA E O CÔMODO.
Suas teorias não estão erradas.
Claro que não.
A menina estava lá, junto da bola!
Ah, não era disso que você estava falando?
Desculpe.
Mas vamos voltar à história, sim?
A menina estava lá. Assim como eu, ela também viu.
Mas ela via sempre. Eu era a primeira vez. Estava bastante excitado.
A primeira vez faz isso conosco! Nos tira o fôlego.
Para Richard era apenas mais uma noite.
Engano.
Richard, como sempre fazia, abriu a porta de seu apartamento com uma chavezinha meio enferrujada.
Abriu a porta, e fez sinal para que o estranho homem de olhos cinzentos entrasse. E foi o que de fato ele fez.
Alex entrou. Não se deu ao luxo de olhar a mobília ao redor. Sabia que era uma mobília simples, e não havia necessidade de ser olhada.
Mas uma peça do cômodo ele olhou...
A cama.
Parecia ser macia. ERA macia. Perfumada, lençóis brancos.
Logo estariam vermelhos.
Alex tirou o chapéu e o sobretudo, movimento que Richard imitou.
Um estava olhando o outro.
O pescoço abrindo estava se aproximando.

PARTE III – O ATO.
Richard olhou profundamente nos olhos daquele homem. Era o primeiro cliente que Richard olhava diretamente nos olhos.
Mas esse era diferente.
E como era.
Lindo. Tinha por volta de 28 anos, cabelos pretos como a noite sem luar, olhos cinzentos como um muro bruto sem pintura alguma. Magro, de certa forma alto, elegante, rosto perfeito, másculo, sobrancelhas grossas e uma boca maravilhosa.
Tirou a gravata, seguida do suspensório, e depois da camisa social que estava usando. Sem tirar os olhos da cena, Richard também tirou sua gravata, suspensório e camisa.
Os olhos cinzentos sorriram para Richard. A boca não.
A boca não queria sorrir, queria sexo.
Alex ajoelhou-se no chão, de frente para Richard, desabotoou sua calça, e começou a passar a mão pelo volume, pelo lado de fora da cueca.
Os olhos continuaram sorrindo.
A boca ainda queria mais.
Richard fazia aquilo todos os dias. Ou melhor, todas as noites. Mas dessa vez, pela primeira vez, ele estava sentindo algo a mais.
A boca de Alex encontrou seu pênis, e o colocou para fora da cueca. Os olhos pareciam estar sorrindo ainda mais.
A boca, parecia querer mais do nunca.
Por um momento, Alex ficou olhando o membro de Richard. Tinha por volta de 17 centímetros, e ainda não estava duro. E mesmo duro, não ia ficar maior do que isso.
Passado o momento de observar, Alex satisfez o desejo da boca. Colocou o pênis inteiro de Richard dentro dela. E retirou bem devagar. Repetiu isso cinco vezes, que foram o suficiente para Richard ter uma ereção.
Richard estava achando maravilhoso. Aquele homem era maravilhoso.
Sim, ele era.
Agora, além de engolir o pênis de Richard, Alex também o masturbava. Richard estava enlouquecido de tanto desejo.
Desejo que queima.
Que anseia por uma facada.
Os corpos nus e sarados se emparelharam quando Alex levantou e beijou Richard na boca.
Richard nunca havia beijado seus clientes. Mas não resistiu a esse.
Beijou com desejo. Profundo desejo.
Era sua vez. Richard se ajoelhou, abriu com voracidade e desejo o zíper de Alex, baixou sua cueca, e se deparou com um pênis de cerca de 18 centímetros.
Beijou a ponta da cabeça, e olhou para os olhos de Alex, enquanto lambia toda a extensão daquele membro, que já estava excitado.
Engoliu maravilhosamente bem todo o pênis, e ficou assim por um tempo, enlouquecendo Alex, de forma que este puxou os cabelos louros de Richard, que teve que voltar em meio a um engasgo.
Sorriu.
Voltou a olhar para aquele pênis, e por mais dois minutos, masturbou com a mão e com a boca o pênis de Alex, que estava enlouquecido com Richard.

-----------------Uma consideração sobre Alex-------------------------
Ele gostava de homens, e estava passando a gostar de Richard.
Mas a faca não ia esperar.

Alex se levantou, deitou na cama, e pediu para ser penetrado.
Era tudo o que Richard mais queria.
Foi com prazer que Richard recebeu os gemidos de dor de Alex.
Com muito prazer.
Seus corpos suados não pararam esse movimento durante 20 minutos, até Alex gritar que estava gozando.
Richard rapidamente fez Alex se levantar, ajoelhou-se em sua frente, pegou seu pênis e masturbou-o até que este, em meio a gemidos altos, e gritos de prazer, gozou muito em todo o rosto e também no cabelo louro de Richard.
Richard continuou sendo masturbado por Alex, até também poder gozar no rosto dele.

PARTE IV – A VERDADE.
Alex e Richard se deitaram na cama, nus, suados, um ao lado do outro.
Se beijaram novamente.
E falaram decentemente pela primeira vez:
- Qual seu nome?
- Richard, e o seu?
- Alex – e pediu mais – Gosta dessa vida, ou está nela por necessidade?
- Acha que eu cobraria se fosse por que gosto?
- Diga você.
- Necessidade.
- E gostou de mim? - pergunta um tanto direta, concorda?
- Muito.
- Também gostei de você.
- Volta amanhã?
- Volto.
E voltou mesmo.
Foi o primeiro que viu.
A facada, os lençóis sujos de sangue, os olhos e o pescoço abertos.
Se vestiu e saiu.



PARTE V – O FIM.
PARTE V – O COMEÇO.

Alex esbarrou com um indivíduo no corredor.
Um indivíduo que estava com capa e chapéu semelhante aos dele próprio.
Cumprimentaram-se cordialmente.
O indivíduo do corredor era um homem que estivera observando tudo, desde a rua qualquer onde Richard foi esperar clientes, até o ato sexual com Alex no quarto.
Como puderam pensar que Alex fosse o assassino?
Estou terrivelmente ofendido...
Isso mesmo, eu havia informado. Eu estava vendo tudo.
Eu.
Sim, um assassino.
Mas não um assassino qualquer.
Essa é a história do maior assassino da história.
Que redundância! Uma história sobre o maior assassino da história!
Sim, isso é fato.
Mas para chegarmos a essa história, teremos que conhecer dois jovens.
Eu estava lá.
Vi tudo.
_________ (espaço para o final. Você ainda vai entender)
(Chegado o final, é hora de entender).

Vi tudo
O assassino era eu.

Bati na porta, fui recebido, Richard me confundiu com Alex, obviamente.
A faca tilintava em meu bolso.
Quando a porta se fechou atrás de mim, não houve gritos. Abafei a boca dele com a mão.
Que boca perfeita! Devo confessar. Era maravilhosa.
A faca foi sacada.
Pobre Alex. Richard morreu pensando ser ele o assassino.
A faca passou rapidamente em seu pescoço.
Joguei-o na cama. Os lençóis sujaram de sangue.
O pescoço ficou aberto.
Arranquei-lhe uma mecha.
Mas eu queria mais!
Eu ainda QUERO mais!
Só mais um.
Já sabia quem.
Só não hoje! Mas queria mais um.
Desci as escadas. A bola. A menina. Estavam lá.
Saí para a escuridão da noite. Quando a mesma caiu no dia seguinte, eu voltei para o apartamento de Richard. Só tinha que esperar.
Alex voltou. Ah, e como voltou.
FIM