terça-feira, 7 de julho de 2009

SANGRIA


- NÃÃÃÃÃO – aquele grito ecoava na noite sem fim em meio a choros, engasgos e espasmos de dor.
O sorriso do observante era frio.
Os olhos de Adson estavam marejados de lágrimas de sofrimento intenso. Ele via bem na sua frente, a uns 2 metros de distância, amarrado a uma cadeira igual a sua e ligado a fios de alta tensão seu namorado, Clark.
Clark estava amordaçado, e estava ligado a fios de alta tensão, e com os pés dentro de uma bacia de água. Chorava, mas seus gritos eram abafados.
Adson estava amarrado a uma cadeira também, de frente para Clark. Já estava com dois dedos arrancados, e com pregos em nove dedos dos pés, além de um corte no peito.
O observador saiu das sombras. Dessa vez com um alicate. Abriu a boca de Adson, que tentou se debater inutilmente. O homem iria cortar sua língua.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO – novamente gritou Adson desesperadamente. Clark chorava aos berros, que eram abafados pela mordaça.
- Você sabe que pode acabar com essa dor agora – disse o homem calmamente com aquele mesmo sorriso frio. – Basta você apertar esse botão que está embaixo da sua mão direita, que você vai acionar a cadeira elétrica do ser querido namorado. Se você decidir matá-lo, continuará vivo. Senão, posso ficar aqui o resto da noite, me divertindo com você, e te matando aos poucos. Esse jogo é como qualquer outro. Só tem um vencedor. Ou você, ou ele.
Foi quando o alicate começou a cortar a língua de Adson, e a dor se tornou insuportável e cegante, que ele decidiu que não agüentava mais aquilo.
E apertou o botão.

O telefone tocou insistentemente até cair à ligação. “Ótimo”, pensou o detetive Barry. Mas foi quando o telefone voltou a tocar que ele se preocupou de verdade. Só insistiam tanto quando o caso era realmente grave. Ou então não contratariam seus serviços. De detetives os EUA estavam cheios. Mas do calibre dele, sabia, eram poucos.
- Alô – acordando, disse de mau humor.
- Oi, aqui é o tenente Harpay, tenho um caso pra você.
- Por que pra mim? – perguntou Barry de mal humor.
- Por que você é o melhor, sabe disso. Não vou ficar te elogiando. Se não quiser o caso, tudo bem, conseguiremos outro não tão bom, que pelo menos trabalhe por bem menos.
- De quanto estamos falando tenente? – e agora Barry pareceu bem mais interessado.
- Cento e cinqüenta mil dólares para início de conversa.
- Onde te encontro mesmo? – Levantando, Barry já estava colocando o casaco.
- No pub Lug, rua Jackson XV, esquina com a Time Square. Em 20 minutos detetive, ou encontraremos outro que trabalhe por vinte mil dólares.
- Estarei lá.

Em dezoito minutos precisamente, Barry estava entrando no pub Lug, e se dirigindo a mesa onde o tenente se encontrava.
- Bonita camisa – elogiou o tenente.
Barry olhou, e viu que havia abotoado a camisa de forma toda errada, mas não se intimidou.
- Também achei. Por esse motivo comprei.
Na verdade Barry era muito bonito, não apenas sua camisa. Alto, moreno, 30 anos de idade, muito musculoso. No momento com alguma barriguinha, nada muito grande. Corpo elegante. Um homem na sua melhor fase física. Barba por fazer, olheiras.
Não foram necessários maiores elogios. Barry sentou, e o tenente já abriu uma pasta de fotos na frente dele.
- Assassino em série. Ainda não sabemos o perfil correto das vítimas, nem os motivos do assassino, mas sabemos que todos eles eram jovens, entre 16 e 25 anos, homossexuais, e bonitos.
- Sim, continue. Alguns nessas fotos estão vivos.
- Correto. As vítimas são pegas em casais. Um é amarrado em uma cadeira de frente para o outro. Um deles, não sabemos por que motivo, é colocado em uma cadeira elétrica, e o outro tem embaixo da mão um dispositivo para matar o parceiro eletrocutado. Esse com o dispositivo é torturado até seu limite, e pode escolher viver, matando seu parceiro, ou então morrer, muito lentamente, sob tortura. Esses vivos todos foram obrigados a matar seus parceiros.
- Algum deles é o que estava na cadeira elétrica?
- Nenhum. Todos esses que estão vivos nas fotos, são os assassinos de seus parceiros.

“Então quer dizer que todos eles estão internados na mesma clínica psiquiátrica” pensou Barry em voz alta, dirigindo seu carro até a Clínica Anyhome, numa isolada área de vegetação a 30km de Nova Iorque.
Chegando lá, encontrou a grande construção fechada. Entrou pela porta principal, e logo no salão de entrada se deparou com vários doentes mentais alucidando sozinhos, sentados nos cantos, ou deitados no chão, rolando.
- Ah, olá, desculpe o inconveniente! – disse uma adorável enfermeira que chegou com uma bandeja de medicamentos. – Quem é você, e o que gostaria?
- Meu nome é Tom Barry, sou detetive, e estou trabalhando no caso dos garotos homossexuais eletrocutados. Parece que os parceiros deles estão aqui na Anyhome.
- Oh sim. Estão sim. Pobrezinhos. Estão todos isolados em quartos separados no terceiro andar, que é para os que sofreram traumas. Um caso terrível, com certeza.
- Que tipo de pacientes se tratam aqui? – perguntou Barry quando olhou para uma mulher que comia tinta da parede.
- Bem, esse primeiro andar é o de doentes mentais leves. Aqui nesse andar são atendidos pacientes que tem retardo mental, e etc. O segundo andar é para os esquizofrênicos, bipolares, enfim, os que precisam se terapia psicológica mais profunda. O terceiro andar, como eu disse, é para os pacientes que se tratam de traumas que sofreram.
- Bem, eu vi uma luz vinda do porão, em uma janela com grades quando estava entrando aqui...
- Nossa, vejo que você é realmente bom detetive, senhor Barry – disse a enfermeira corando. – É verdade. Fazíamos tratamento de choque em um antigo paciente psicopata no porão.
- Faziam? No passado?
- Sim. Fugiu há pouco tempo. Era um cientista sabe. Fugiu levando a cadeira elétrica do seu tratamento.
- Por acaso a mesma usada...
- Sim – respondeu a enfermeira cortando Barry. – a mesma utilizada no assassinato das vítimas do caso que está investigando detetive.
- Interessante.
- Bem, quer falar com algum deles?
- Sim, por favor. Com o do caso mais recente, poderia me dizer quem é?
- Adson Alighieri. Terceiro andar, quarto 34.

Barry não bateu na porta. Entrou e viu Adson sentado perto da janela lendo um livro.
- Olá – disse Adson se virando para ver quem era. Tinha um olhar calmo, meio vago. Normal para quem havia acabado de matar o namorado.
- Boa tarde senhor Alighieri, sou o detetive Barry e preciso fazer umas perguntas referentes ao que aconteceu com você na terça a noite. Sobre o assassinato do seu namorado e tudo mais.
- Sim... sabia que iriam remexer essa história de novo.
- Me diga o que aconteceu com você.
- Eu estava no supermercado voltando para casa, e quando abri a porta do carro não me lembro mais de nada. Lembro que quando acordei estava de frente para o Clark. E então, um homem, meio velho, começou a apertar meus dedos. Arrancou dois inclusive – e fez sinal mostrando os dedos arrancados. Depois enfiou pregos nos meus pés. Me cortou com um bisturi no peito, bateu em mim de diversar formas com um bastão de ferro. E quando ele colocou o alicate pra cortar a minha língua, não suportei mais. Fiquei com medo de o Clark passar por isso também depois que eu morresse... e apertei o dispositivo que eletrocutava Clark. Matei ele. Não achei que eu fosse ficar vivo, achei que ele fosse me matar de qualquer forma. Mas então acordei aqui na quarta de tarde.
- Interessante – pensou Barry em voz alta. – conhecia o assassino?
- Claro que não. Me disseram depois que provavelmente é um homem que estava internado nessa clínica. Quer saber? Acho que eles tem a ver com isso. Por que nos trariam para a mesma clínica que o assassino fugiu?
- Você pensa que eles tem relação com o assassino? É isso mesmo?
- Por que nos trariam aqui? Ninguém nunca conseguiu fugir dessa clínica antes. E quando esse cara fugiu, além de tudo conseguiu levar uma cadeira elétrica. Acha que um velho como dizem, ia conseguir sozinho?
“Não, não iria” pensou Barry. “Esse garoto é inteligente”. Realmente, como dissera o tenente Harpay, os garotos eram bonitos e jovens. Esse Adson era realmente bonito. Moreno claro, magro, um pouco mais baixo que Barry, cabelo enrolado não muito comprido, e olhos verdes. Um rosto muito, mas muito bonito.
- Você é gay? – Barry se surpreendeu com a pergunta, que obviamente Adson lançou para ele.
- Por que está me perguntando isso? Pareço ser gay?
- Não parece. Mas parece que se eu quiser que você seja, você será.
- Como assim? A que se refere? – Barry levantou da cama, onde estivera sentado durante a entrevista.
- Me refiro a amor, por outro homem – e levantando-se também, Adson colocou a mão direita, a boa dentro da calça de Barry.

O que aquele garoto estava fazendo com ele? Barry teve uma ereção instantânea quando o garoto por cima da roupa íntima tocou seu sexo. Quase desabou de tanto tesão.
- Oh, me desculpe – disse o garoto soltando-o. – Sinceramente desculpe-me! Você é o primeiro homem que entra nesse quarto desde que estou aqui. E estou com saudade de um homem ao meu lado. Me desculpe.
- Não, não se desculpe – disse Barry tentando esconder sua ereção. – Não se preocupe, eu entendo você perfeitamente. Na verdade, não estou nesse caso por acaso. O tenente Harpay sabia. Ele foi o detetive responsável pelo caso na época. Eu fui o único homem que saiu da cadeira elétrica armada por esse assassino. Daymon meu namorado na época, morreu 8 horas depois de ser brutalmente torturado. Eu achei que ele não ia conseguir, achei sinceramente que ia morrer lá. Mas não, ele era policial também. Mas até hoje, fui o único que sobreviveu à cadeira elétrica desse assassino.
- Então, você sobreviveu na mesma condição em que Clark estava – e nesse momento Adson começou a chorar desesperado. – Ele teria mesmo sobrevivido se eu tivesse morrido por ele... – e desabou, mas foi amparado por Barry, que o sentou na cama, e ofereceu um copo de água.
- Não se culpe. Não sei se eu seria tão forte assim. Provavelmente eu teria apertado o botão também.
- Todos os outros já tentaram suicídio diversas vezes. Menos eu. Eu até estou sendo forte sabe. Para tentar suicídio nesse lugar, nem é necessário ser demente.
- Não tratam bem os pacientes aqui? – perguntou Barry
- Não – respondeu Adson baixando ligeiramente a voz. – Não dão os remédios certos para os doentes. Não querem que melhorem.
- Isso que está dizendo é uma acusação grave.
- É grave e verdadeira. Sou estudante de farmácia. Tenho certeza que trazem placebos para os doentes. Estão dando placebos para todos os traumatizados desse caso, dizendo que são remédios para dormir. Não estão nem ajudando eles a dormir, nem ajudam a se recuperar do trauma.
- Por que acha que estão fazendo isso?
- Responda você detetive Barry – e sorriu da forma mais linda que alguém poderia ter sorrido.
- Bem, prometo que irei responder pra você. E vou solucionar esse caso, por você.
- E por que faria isso?
- Responda você senhor Alighieri. – E saiu do quarto sorrindo da mesma forma que Adson sorriu anteriormente. Estava apaixonado.

Assim que fechou a porta, a enfermeira veio em sua direção com uma toalha na mão, e alguns medicamentos encima.
- E então – disse sorrindo – conseguiu fazer ele falar alguma coisa?
- Sim. Me diga, por favor. Você tem acesso aos remédios daqui, não tem?
- Sim, tenho, obviamente. Por quê? – perguntou a enfermeira estreitando os olhos.
- Porque esse moço, Alighieri, acabou de me fazer uma denúncia contra essa instituição. Me disse que aqui, vocês distribuem placebos ao invés de medicamentos corretos para os doentes. Comprimidos que não fazem efeito algum.
- Hahaha – riu-se a enfermeira – Jamais isso seria verdade. Eu não sei a composição dos remédios, apenas dou o que me mandam dar. Mas existem pacientes que saem daqui curados.
- Ou fogem, não é? Fogem, e então vocês colocam o nome deles como se tivessem saído curados. Como esse assassino do porão.
O sorriso da enfermeira sumiu na hora.
- Não fale do que não sabe detetive, para seu próprio bem. Aqui as paredes tem ouvidos, e esse é o assunto da qual somos proibidos de falar.
- Ah é? Interessante. Preciso falar novamente com esse paciente, se você não se importa.
- Agora é impossível, está na hora do remédio, e ele dormirá em seguida.
- Voltarei amanhã então. – Disse Barry convicto.
- Tudo bem, não terá restrições – respondeu a enfermeira com um sorriso doce no rosto.

Barry voltou pra casa, entrou na banheira, e ficou raciocinando sobre tudo o que passou agora nesse dia. Se lembrou do terrível episódio que presenciou quando era mais jovem, a 13 anos atrás. E como Daymon havia sido forte, morrendo para salvá-lo.

No dia seguinte, quando chegou na clínica, a enfermeira o recebeu aos prantos.
- Adson... Oh meu Deus, Adson...
- O que tem Adson? – perguntou Barry desesperado.
- Adson foi encontrado morto essa manhã. Se suicidou durante a noite, com o lençol.
- Não...
- Oh meu Deus, sinto muito por você. O caso será comprometido não é?
- Onde estão os outros?
A enfermeira parou de chorar na hora, e tomou uma feição fria como pedra.
- Estão nos quartos, trancados, e já estão num grau da terapia em que não podem mais relembrar do que aconteceu. Você não pode perturbá-los.
- Para onde Adson foi levado?
- Não sei dizer para onde os enfermeiros os levam depois de mortos. Mas foi levado por uma ambulância.
Barry ia sair correndo para o carro, quando de repente viu um dedo para fora da grade do porão. A luz estava desligada, e quando foi ligada, o dedo sumiu na hora.
- Venha comigo – disse para a enfermeira. A enfermeira, que como sempre carregava a toalha com medicamentos, foi correndo atrás de Barry, que entrou na clínica Anyhome decidido a checar o porão. – Onde fica a porta do porão?
- Por aqui – respondeu a enfermeira e apontou o caminho. Barry foi até a porta e estava trancada. Forçou-há um pouco e quando ia se virar para a enfermeira para perguntar, sentiu um gelo na espinha.
Virou-se para trás com os olhos arregalados. Os medicamentos da enfermeira e sua toalha, estavam no chão. Ela havia lhe aplicado um tranqüilizante, e enquanto ele caia e sua visão embaçava, um homem abria a porta do porão.
Barry acordou de repente. Em um susto, lembrando de tudo o que tinha presenciado anteriormente.
Como não conseguiu se mexer direito, fechou os olhos e começou a chorar. Já sabia onde estava, e o que estava fazendo lá.
Esticou levemente os dedos da mão direita para frente, e quando encontrou o botão, passou a entender tudo o que aconteceria em seguida.
O homem saiu das sombras. Seu sorriso era frio.
Barry abriu os olhos.
- Tenente Harpay?
- Em carne e osso. Ou acha que te escolhi por acaso? – seu sorriso continuava frio como pedra.
Um gemido quebrou o silêncio de ódio que perpassou o rosto de Barry. Adson havia acordado. Como previsto, estava na cadeira de frente para Barry.
- Segundo a enfermeira Emma – e ela saiu das sombras a esquerda de Harpay – você e Adson se tornaram amiguinhos... como posso dizer? Íntimos.
- Não é verdade – disse Barry. – Nada disso é verdade, não machuque ele de novo.
- Câmeras de vídeo instaladas no quarto, mostram que sim, é verdade – e nesse momento Harpay parou de sorrir.
- Por que? Para que faz isso? – perguntou Barry suplicante.
- Para provar que não existe o amor entre homens detetive. Até agora minha equação só falhou com você. Mas deu certo com todos os outros. A biologia explica que vocês são anti-naturais, e sentimentos anti-naturais não existem. Vocês não se amam de verdade, nunca vão se amar. Gays não amam.
- E por que motivo dão placebos para os meninos?
- Porque – começou a enfermeira – nenhum deles está vivo. – e sorriu de forma demente enquanto seus olhos marejavam de lágrimas de alegria.
- Nenhum... – repetiu o detetive – está vivo? O que fizeram com eles? O QUE FIZERAM? – e nesse momento passou a gritar.
- Nada. Todos se suicidaram cruelmente. Ou pensa que matar o próprio namorado é fácil?
- E isso é pouco amor pra você? – perguntou Barry ironicamente.
- AMOR? – gritou Harpay. – AMOR? ISSO É COSTUME. AMOR NÃO É ASSIM. AMOR SÓ PODE EXISTIR ENTRE HOMEM E MULHER.
- Ah, claro. Tinha esquecido que você é heterossexual.
O tenente Harpay nesse momento perdeu totalmente a paciência, e desferiu sobre Barry um soco no rosto.
- Se não sabe – continuou Barry – o mundo está evoluindo para a bissexualidade tenente. Sabia disso? O que sua biologia tem a falar sobre isso?
- Não tem nada, essa é a maior mentira da história. Eu estou aqui para garantir isso. Serei preso quando mostrar a verdade para o mundo, pela crueldade das minhas experiências, mas no cenário científico, serei aclamado como um Deus – seu olhar se tornou vago, sonhador, e também marejou de lágrimas de felicidade. – Serei o Deus que provou que o amor entre homossexuais não existe.
- Então, o cientista que diziam estar aqui neste porão, nunca existiu.
- Nunca – respondeu Harpay. – Criamos uma identidade fantasma, sobre um cientista que foge de uma clínica, para distrair detetives trouxas como você. Ou melhor: no seu caso, para te atrair até aqui.
- Com que finalidade?
- Você foi o sobrevivente. Foi à falha do meu plano. Seu namorado, há 13 anos provou que te amava. Quero mostrar que você não vai fazer o mesmo com esse menino. Vai matá-lo. – e voltando-se para a enfermeira, disse: - Pegue os pregos, o martelo e o alicate.
Adson começou a se retorcer na cadeira, Barry percebia que ele estava tentando se soltar, sem sucesso é claro.
A enfermeira chegou com os aparatos que Harpay havia pedido.
Ele pegou um prego, colocou encima da unha do dedo anelar do pé de Barry, pegou o martelo, e desferiu o golpe.
Barry gritou a plenos pulmões, como nunca havia gritado na vida, as lágrimas escorriam soltas de seus olhos, e soluçava como uma criança.
- Sabe que pode terminar com isso agora – basta apertar esse botão, que você aciona a cadeira elétrica onde o seu querido namorado está. Mate-o, que eu te deixo vivo. Sabe que vai ficar vivo. Já teve provas suficientes de que eu não minto. E esse garoto, é um assassino. Matou o próprio namorado.
- Sei que posso terminar com isso agora, mas você vai precisar de muito mais. Não vou me render a você.
- Ok, você quem sabe – e pegou mais um prego encima da bandeja que a enfermeira trouxe.

Barry acordou assustado. A enfermeira entrou no seu quarto, com uma bandeja cheia de medicamentos.
- Bom dia senhor Barry. Seus remédios. – e sorriu um doce sorriso enquanto saia do quarto.
Barry colocou as mãos na cabeça, e começou a chorar desesperado. Havia apertado o botão.
Olhou para os remédios, levantou da cama, olhou para fora da janela, estava no terceiro andar. Não pensou duas vezes.
Demoraram uns 30 minutos até a polícia chegar ao local.
- Interessante – disse o Tenente Harpay em voz alta. Quem imaginaria que o detetive Tom Barry teria sido pego pelo assassino e terminasse se suicidando?
- Realmente – disse Emma, a enfermeira com um olhar de pesar.
Levaram o corpo para a ambulância.
Na correria, nenhum dos policiais conseguiu notar o maço de dinheiro que Harpay passou a enfermeira. E muito menos o dedo que se debatia de dentro da grade do porão.

FIM...

2 comentários:

  1. Nossa, cara, tu escreve melhor do que eu esperava, teus contos são ótimos, adorei a tortura contida nesse, apesar de ser meio nojento. E sabe? Eu adoro ler coisas relacionadas a namorados gays, a pessoas bissexuais, etc. Outra hora eu leio outro. Mas me diz uma coisa que eu não entendi no fim, o Barry ficou vivo?

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  2. Nossa, você escreve bem mesmo! Muito bom o conto, mas, como disse o comentário acima, é um tanto nojento! Mas gostei! Parabéns!

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